quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A Heresia do Jansenismo



O Jansenismo foi uma heresia que surgiu na França e Bélgica, no século XVII e se desenvolveu no século XVIII.


Ela tem esse nome porque a seita seguia as idéias do Bispo de Yprès, Jansênio, que escreveu um livro intitulado Augustinus, onde dizia que os homens já nasciam predestinados ao céu ou ao inferno, nada podendo mudar esse destino. Ele afirmava ter entendido totalmente Santo Agostinho de uma forma que a Igreja ainda não tinha compreendido, porém com receio de Roma, por algum tempo permaneceu apenas amadurecendo suas idéias. 



O Jansenismo já havia sido condenado pelos Papas Urbano VIII, Inocêncio X e Alexandre VII, sem que se lograsse a submissão completa dos hereges ou seu lançamento fora da Igreja. 



Para salvar seu mestre e sua doutrina, excogitaram então os fautores da heresia a famosa distinção entre a questão de fato e a questão de direito. Quanto ao direito de resolver se as cinco proposições eram heréticas - o Papa tinha plena autoridade, era infalível; mas quanto ao fato - decidir se tais proposições eram sustentadas no livro de Jansênio, e nele tinham sentido heterodoxo - o Papa não gozava de infalibilidade, e não podia exigir submissão interna.


Não é preciso dizer que, a ser admitida, esta distinção tirava todo o vigor à condenação pontifícia. Pois poderiam os jansenistas simular aceitar as decisões de Roma e, ao mesmo tempo, continuar a seguir os ensinamentos de Jansênio. Para fechar esta escapatória Papa Inocêncio X, em breve de 29 de setembro de 1654, condenara, através da bula "Cum occasione" de 9 de junho de 1653, as cinco proposições que a Assembléia Geral do Clero francês lhe apresentara como contendo os principais pontos da doutrina sustentada no "Augustinus" de Jansênio.


Para o jansenismo, no fundo, o homem não teria livre arbítrio, não teria liberdade: estava destinado a fazer o que lhe acontecia na vida. O Jansenismo era uma versão disfarçada da heresia do calvinismo, uma das seitas do protestantismo.



Na moral, os jansenistas defendiam um rigorismo que os levava a considerar Deus sem misericórdia. Daí, eles combaterem a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, fonte de misericórdia.


Como seus antecessoras protestantes, eles eram contra o culto aos santos, e, principalmente, contra a devoção a Nossa Senhora. Como os liturgicistas atuais, eles se diziam cristocêntricos. O que não os impedia de cultuarem os santos deles, de sua seita, ainda que não fossem canonizados. Eles organizaram, um verdadeiro culto para um dos membros da seita, o Cônego Pâris, no cemitério de St Médard, em Paris. Distribuíam suas relíquias, e nas orações que faziam junto ao túmulo desse pseudo santo, eles entravam em falsos êxtases. Culto de relíquias e varadas nas costas dos membros da seita eram atitudes comuns na seita jansenista. 



Na organização da Igreja, os jansenistas desejavam uma diminuição do poder papal, com o aumento do poder dos Bispos, que seriam eleitos. O Jansenismo defendia também a eleição dos párocos. Eram eles, pois, democratizantes na esfera eclesiástica, o que os fez conseqüentemente, na civil, apoiarem a Revolução Francesa.



Em matéria de Liturgia , eles defendiam a Missa dita na língua do povo. Eram contrários à pompa. Também eram favoráveis a uma maior participação do povo na Missa. Foi um padre jansenista que organizou, ainda antes da Revolução Francesa, Missas com procissão de ofertório, com o povo levando mantimentos ao altar.

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