terça-feira, 23 de outubro de 2012

A Globalização e a Igreja


                                   



por: Dom Volodemer Koubetch, OSBM

Pode-se falar e escrever muito sobre a globalização. É um fenômeno muito complexo e 
complicado, porque mexe com todo o globo terrestre, com todo o nosso planeta Terra. A 
globalização toca a nossa vida e também a nossa fé cristã  e a nossa Igreja. Queiramos ou não. 
Estando conscientes disso ou não. Mas o que é mesmo globalização?
Quando se fala sobre globalização, entende-se principalmente o sistema econômico do 
mundo atual. Até a queda da União Soviética, simbolizada principalmente pela queda do muro de 
Berlim em 1989, existiam dois blocos mundiais, sempre em conflito, em guerra: o capitalismo, 
liderado pelos Estados Unidos; e o socialismo, liderado pela Rússia. O socialismo dirigia sua 
economia no sistema comunista: uma economia planificada, centralizada pelo governo, pelo Estado, 
a quem praticamente tudo pertencia, tendo assim o Estado plenos poderes sobre os bens de 
produção e a própria produção. O capitalismo dirigia sua economia dando grande liberdade à 
iniciativa privada, podendo os cidadãos ter seus próprios meios de produção – indústrias, máquinas, 
terrenos, empresas, associações – e podendo também negociar livremente esses bens em proveito 
próprio. Historicamente, o capitalismo soube se adaptar e assim se firmou definitivamente como um 
sistema político-econômico; e o socialismo-comunismo histórico russo não soube se adaptar  e 
implodiu.
No sistema comunista puro, o Estado era fortíssimo: dominava tudo e não dava liberdade 
aos cidadãos  – nem liberdade religiosa, nem liberdade  cultural e nem mesmo liberdade de 
consciência. No sistema capitalista puro, o Estado era fraquíssimo: interferia muito pouco na 
liberdade dos cidadãos, deixando-os livres para conquistar cada vez mais bens de produção e 
acumular capitais – dinheiro, riquezas. No comunismo puro, sem nenhuma liberdade, a maioria dos 
cidadãos era nivelada, todos vivendo de forma igual, mas com maior possibilidade de ter o 
necessário para a vida. No capitalismo puro, com grande liberdade de ação, foram os indivíduos de 
maior poder aquisitivo e também político que cresceram e se enriqueceram, muitas vezes pisando e 
explorando os outros, geralmente os mais fracos. O comunismo puro tinha muita justiça social, mas 
pouquíssima liberdade. O capitalismo puro tinha muita liberdade, porém pouquíssima justiça social. 
No final, ambos são injustos.
Com a queda do comunismo na União Soviética, o capitalismo se tornou o único modelo de 
economia, considerando-se vencedor, correto, eficiente e justo. Mas como muitas vezes foi 
explorador, cruel,  excludente, injusto e por isso denunciado como “capitalismo selvagem”, ele 
agora se chama “economia de mercado”, a fim de esconder seu rosto real. Liderado pelos Estados 
Unidos, tal economia se alastra pelo planeta, promovendo o enriquecimento e o consumo  global. 
Exatamente por isso se fala de globalização. É a globalização, mundialização ou expansão da 
economia de mercado, a nova cara do capitalismo. Todos têm liberdade para produzir e consumir. 
Teoricamente, todo o mundo é livre para entrar nesse mercado  e usufruir seus bens. Na prática, porém, entra nesse mercado só quem tem poder econômico. Quem não consegue entrar, fica 
excluído.
O que tudo isso tem a ver com Igreja? Tem muito, muito mesmo a ver, pensar, refletir, falar 
e agir. Infelizmente, grande parte dos cristãos católicos não liga para essas coisas. Por ignorância ou 
por comodismo. Isso é um erro grave, um pecado social. Pecado de omissão diante do maior pecado 
do mundo de hoje.
A Igreja, seguidora do exemplo de Jesus Cristo, sempre se preocupou com a realidade 
concreta de seus fiéis. Jesus condenou a riqueza que causa injustiça. Os Santos Padres condenaram 
os ricos exploradores. Nos tempos modernos, a Doutrina Social da Igreja, por meio das encíclicas 
sociais, elaborou seu ensinamento sobre os problemas sociais. Sobretudo a partir de 1891, com a 
Carta encíclica do Papa Leão XIII  – Rerum novarum: das coisas novas –, os Papas e Bispos 
pronunciaram sua palavra profética diante das guerras, das diversas injustiças e dos erros da 
sociedade, principalmente de seus governantes e das classes mais abastadas. A Igreja sempre olhou 
criticamente tanto para o socialismo puro como para capitalismo puro, porque ambos não 
promovem o ser humano na sua dignidade e integridade e ambos cometem injustiças. Atualmente, a 
Igreja alerta para as ambiguidades da globalização.
  Dom Volodemer Koubetch, OSBM

http://www.eparquiaucraniana.com.br/eparquia/arquivos/PDF/reflexoes/GlobalizacaoIgreja.pdf

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